É lastimável perceber que a
cada dia cresce o desejo das Instituições Sociais, estas que nos apontam para a
pleno exercício da cidadania e do convívio comum e social, em construir compulsivamente
o desrespeito ao outro. Me parecem,
desejar estas, construir novos formatos de máquinas com características humanas
ou humanos com caráter de máquinas.
Nossas ONGs, grupos sociais não constituidos juridicamente,
pesquisadores, estudiosos de diversas áreas, religiosos e tantas
outras Instituições Sociais desejam a todo custo construir conceitos e verdade
absolutas sobre as pessoas e suas posições sociais. Isso não me parece algo
negativo, a grosso modo, desde que se fosse dado o espaço
para o exercício pleno da singularidade humana, algo difícil de ser
contemplado.
A intenção constante das instituições em construírem “novos
seres humanos”, capazes de responderem ao seu ideológico e seus estatutos
parece uma nova guerra, onde aquilo que é massacrado são os Direitos. Os mais
íntimos e particulares possíveis.
Se resumir então, todos os Direitos já construídos e
garantidos durante a história em uma única palavra e essa fosse chamada Vida
mesmo assim não diminuiria e nem ao menos reforçaria a atitude de algumas
instituições em “defesa da vida” a se posicionarem de tal forma como as fazem.
Se o direito à Vida não for a de poder viver plenamente, de verdade não sei o
que será.
Recentemente, em Pernambuco o Instituto Pró-Vida se
posiciona em desfavor da Vida, esta mesma que diz estar em sua defesa. Sua
publicação em jornais do Estado mostra que a compreensão do respeito e do
exercício da cidadania estão longe da
prática pela qual se diz atuar. A Instituição, de posse do slogan da prefeitura
do Recife, que trata da acolhida a diversidade, usa de má forma para dizer que
Pernambuco não acolhe o “homossexualismo”. Dentre tantas dúvidas, me remete
principalmente se a referida Instituição possui capacidade técnica suficiente
para entender que a utilização do termo usado pela mesma faz mensão a doença,
patologia e que desde 1990 foi retirada pela Organização Mundial da Saúde da
lista de doenças. Me deixa dúvida também como podemos pensar na “defesa da
Vida” se esta porém não pode ser vivida plenamente?
É lastimante não apenas ler o pronunciamento desta
instituição, mas também perceber que o entendimento que a mesma faz sobre a
Vida é contrária aquilo que se busca para a convivência humana.
Não se trata de princípios religiosos e/ou morais, trata-se
do direito e do respeito do outro de viver suas próprias experiências, escolhas e
principalmente sua humanidade.
Se o direito à Vida não tiver conexão com o respeito,
cidadania plena, expressões culturais, singularidade, personalidade,
diversidade, acredito ter cometido algum erro
durante o meu percurso de formação humana-social. Existem diferentes pessoas, diferentes
personalidades, diferentes gostos.... vivendo em um mesmo planeta.
Não quero, em momento algum da nossa história, ser contato
na lista dos nomes das pessoas que procuraram construir novos seres humanos que
pensassem ou agissem iguais aos seus ideiais particulares, quero ser notado,
por mim mesmo e para minha humanidade, como uma pessoa que conseguiu
experimentar sua vida, vivê-la em abundância e ainda conseguiu respeitar e
promover a vida plena do próximo. E assim espero que sejam as Insitutições por
onde eu estiver.
Dowagiac, MI/USA, 05 de Setembro de 2012.
Por José Aniervson Souza dos Santos
Especialista em Juventude - FAJE
Development Instructor - IICD/MI/USA
Ex-Diretor Presidente do Instituto de Protagonismo Juvenil - IPJ
Coordenador da Escola de Educadores de Jovens Online - IPJ
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