11.13.2012

Próximo destino: África

Arrumar as malas e preparar o coração é uma tarefa um tanto quanto desafiadora, afinal já se passaram 6 meses desde que cheguei nas terras americanas.

Chegar até aqui não foi fácil. Deixar trabalho, amigos, família, rotinas e os apegos íntimos não é nada fácil. Tem horas que pensamos se tudo realmente valerá a pena. Tem horas, antes de tomar a decisão, que você para e pensa se todo o esforço fará alguma diferença, na sua vida e na vida daqueles(as) a quem você deseja atingir. Durante meu período de preparação para chegar até aqui, no IICD-MI, muitas coisas me passaram pela cabeça. Muitos desejos. Inclusive senti vontade de poder ter coragem de desistir da minha decisão. Por um momento quis que alguém me convencesse que eu não precisava vir. Eu queria que alguém me "obrigasse" a ficar, de qualquer maneira. Esse alguém não apareceu. Nem mesmo minha mãe que mais chorou quando eu parti me impediu de vir. Então eu vim.

No IICD, principalmente nas primeiras semanas tudo me pareceu muito difícil. Em alguns momentos eu chegava a pensar o que eu estava fazendo aqui, se essa tinha sido a escolha certa. O inglês, foi um grande problema no início (hoje ele quase não existe). Eu, que sempre usava as palavras ao meu favor e o meu dom da fala para tecer relações senti meu mundo cair pois já não podia me comunicar. Dizer o que? Como? Eu não sei falar... não consigo... tenho medo de errar e/ou ser mal entendido... medos... sempre medos! Depois, quando decidi me desafiar mais uma vez - ai foi ficando mais fácil. Eu sempre me entendia, ou assim eu penso que entendo. Me desafiei, pois não aceitava a ideia de que eu tinha feito uma má escolha, pois eu a tinha feito não pensando em mim - tão somente - mas na troca de valores a qual eu queria me submeter para me sentir uma nova pessoa. Me superei, eu creio. Não desisti e não me arrependo.

E nesse processo de superação nos damos conta que não estamos sozinho e nem lutando sozinhos. Existem tantas outras pessoas ao teu redor que se sentir só é até uma falta de respeito e de humanidade. Agir com desumanidade não combinava com a cor do manto que eu deveria trajar para seguir meu processo humanitário. Afinal, meu próximo continente é colorido e cheio de vida e lá só cabe humanidade, respeito e vida! Descobrir novas vidas ao seu redor é um sentimento muito mais que gratificante. É simplesmente mágico. Humano. E ao longo do meu processo auto-superacional encontrei Homens e Mulheres que me disseram e provaram que eu fiz a escolha certa. Fiquei feliz. Ainda estou feliz. Assim ficarei.

Mas a alegria, se for um estado físico, passa rápido e logo pode ir embora. Não sorrir, porém, não significa ausência de felicidade, pode, inclusive ser a interiorização consciente das etapas de vida seguidas e vindouras. Viagens, caminhadas, shows, festivais, calor e muito frio, discussões, lágrimas, despedidas, boas-vindas, paquera e tantas outras coisas fizeram parte desse emaranhado de experiências latentes que nos impulsionam a sentir a vibração da vida e nos ajuda a perceber que estamos vivos. Conscientes. Amigos. Ah! Sim os amigos. Esses são capazes de mudar o rumo da nossa vida e dar novo sentido. O que seria de mim sem eles?! (vazio).

A cada dia a gente se depara com uma nova situação para ser superada. O desapego é a minha nova superação. Depois de 6 meses vivendo e convivendo com um grupo de amigos voluntários - que buscam superar a si mesmo assim como eu - me encontro com a África tão sonhada. Agora só me resta uma atitude: arrumar as malas e partir. Afinal foi para isso que eu vim, correto?! Sim. Correto. E porque me sinto frágil nesse momento? Ah, já sei. Mas não quero falar sobre isso agora, senão vou chorar. E eu prometi para mim mesmo que seria forte. Da primeira vez eu consegui então agora também irei conseguir. Pois bem, chegou a minha hora de seguir meu caminho e ir a África. Estou tão feliz que não consigo definir a diferença entre saudades e saudades. Para mim parece tudo a mesma coisa. Bem, vou pensar assim mesmo, talvez fique mais fácil para superar.

E quando eu já tiver tocado a África o que será? Espera ai. Não me digam, por favor. Vim até aqui, experimentei do meu cálice amargo, superei meus medos e fraquezas, fui fiel a mim mesmo e ao que acreditava, sonhei, amei, chorei e sorri, então agora só me resta descobrir a África que existe dentro de mim. Não quero a África pobre, que construíram para me convencer que eu deveria ser solidário. Não quero a África do povo negro e discriminado, que me disseram que estes não possuem condições de se desenvolverem. Não quero a sua África. O que vou buscar é muito mais do que "dar o peixe ou ensinar a pescar". Irei me encontrar na África. Se me passou em algum segundo da minha vida que eu não sabia ao certo o motivo pelo qual vim ao mundo, agora chegou o grande momento. Irei me encontrar comigo mesmo.  E quando voltar, serei completo. Possuirei a mim mesmo e assim poderei me doar, pois serei meu.

E nessa ansiedade vou viajando para meu próximo destino: África.



Dowagiac, MI, USA - 13 de novembro de 2012.
Véspera da viagem à África



Por José Aniervson Souza dos Santos
Especialista em Juventude - FAJE
Development Instructor - IICD/MI/USA
Ex-Diretor Presidente do Instituto de Protagonismo Juvenil - IPJ
Coordenador da Escola de Educadores de Jovens Online 

2 comentários:

  1. Anônimo14:16

    imagem linda.............................<_>......................................gaby

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  2. Anônimo14:20

    ggdgfhteftdhuft.vai toma no seu :**%%#@!@#$%¨&*&¨$

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